Troféu Maria Lenk – Parte I

O Troféu Maria Lenk de natação começou arrebatador em São Paulo na segunda-feira, feriado de Tiradentes, e seguiu cheio de boas novidades na terça, fechando a sua primeira metade com uma quarta-feira espetacular!

Dia 1

A disputa começou com as provas de 200m livre. No feminino, Larissa Oliveira venceu pela primeira vez na vida no ML com o tempo de 2:00.73. Ainda não bateu a irritante barreiras dos 2min, mas as 4 primeiras colocadas mostraram que o revezamento 4x200m livre tem tudo para finalmente bater o recorde da equipe de Atenas-2004 de 8:05.29. Somando o seu tempo com Manuella Lyrio, Jéssica Cavalheiro e Julia Volkmann, soma-se 8:05.09. Tá na hora!

Na prova masculina, Nicolas Oliveira segue como o principal nome da prova, vencendo com 1:47.17, índice para o Pan Pacífico e 11ª marca mundial no ano. Bicampeão universitário americano, João de Lucca decepcionou com a prata com 1:49.01, mas ele vem de várias competições, semana de provas e muitas viagens.

Nos 100m costas feminino, Etiene Medeiros confirmou o favoritismo vencendo com 1:01.37, tempo ruim, já que havia feito 1:00.77 nas eliminatórias, primeira vez que nadou abaixo de 1:01. Na prova masculina, vitória de Fábio Santi com 54.32, sua melhor marca pessoal. Uma cara nova pra essa prova que o Brasil vem deixando a desejar no masculino.

Os 1.500m feminino foram bem ruins, com Poliana Okimoto vencendo com 16:47.44, quase 20s do seu recorde brasileiro. Ela está totalmente focada nas maratonas, claro, e terá uma temporada bem longa.

Nos revezamento 4x50m livre, duas grandes performances! No masculino, vitória inédita do Minas com César Cielo abrindo para 21.71. No feminino, vitória do Corinthians, mas o destaque ficou pro Grêmio Náutico União, apenas em 5º lugar. Isso porque Graciele Hermann abriu com 24.76, igualando o recorde sul-americano da venezuelana Arlene Semeco!

Dia 2

O nome do dia foi o do Thiago. Não só do medalhista olímpico Pereira como da surpresa Simon.

Nos 200m peito, Thiago Simon, que nadou apenas pela 6ª vez na carreira essa prova, fez o melhor tempo das eliminatórias com 2:12.74, abaixo do índice do Pan Pacífico, melhorando em quase 4s seu melhor tempo. Na final, ele confirmou o seu tempo e ainda melhorou para 2:11.99, se garantindo na competição australiana. Prata para Henrique Barbosa com 2:12.54, também índice.

Na prova feminina, a pior do Brasil disparado, viu a argentina Julia Sebastian vencer pela 3ª vez seguida, agora com 2:28.53. Já são quase 5 anos sem nenhuma brasileira nadando abaixo de 2:30. Pâmela Souza foi prata com 2:30.34.

Nos 100m borboleta, apareceu o outro Thiago, o mais conhecido. Thiago Pereira venceu com 52.37, conquistando seu primeiro índice para o PanPac! Boa prova com todo o pódio nadando na casa dos 52s. Na prova feminina, a dinamarquesa Jeanette Ottesen venceu com 57.22, segunda melhor marca do mundo no ano. Daynara de Paula foi a melhor brasileira em 3º com 58.49, confirmando o índice pela 3ª vez.

Surpresa nos 1.500m masculino com a vitória de Miguel Valente com 15:28.87. O mais surpreendente foi que ele nadou pela manhã, nas séries “fracas”. Primeira vez na história que o campeão do Maria Lenk não saiu das séries fortes.

Dia 3

A húngara Katinka Hosszu, um dos maiores nomes da atualidade da natação feminina, fez sua estreia no revezamento 4x50m na segunda-feira, nadando 24.89, mas nos 400m medley que mostrou para o que veio pra São Paulo. Defendendo o Corinthians, ela venceu com 4:38.81 na final (fez 4:34.91 nas eliminatórias), milhas na frente da argentina Florencia Perotti com 4:51.02 e de Julia Gerotto, melhor brasileira em 3º com 4:56.95.

Nos 400m medley masculino, Thiago Pereira fez a lição de casa, vencendo com 4:15.45 e mais um índice para o PanPac. Thiago Simon novamente fez história, ficando com a prata com 4:17.98 e mais um índice também!

Aí vieram as provas mais rápidas! Nos 50m livre feminino, vitória de Jeanette Ottesen com 24.59, mas foi a prata que chamou atenção. Graciele Hermann nadou novamente abaixo dos 25s, fazendo 24.79 (24.96 nas eliminatórias pela manhã). Agora ela provou que passou desta barreira e veio pra ficar. Alessandra Marchioro foi bronze com 25.17 e também fez índice para o PanPac. Em 5ª, Lorrane Ferreira fez 25.34 e também fez índice, mas como só vão as duas melhores, não ganhou a vaga.

O show veio mesmo nos 50m livre masculino! Cielo já mostrou que não veio pra brincadeira nadando 21.79 nas eliminatórias, seguido de 22.09 de Bruno Fratus. Mas na final os dois deram um espetáculo. Cielo venceu com 21.39, melhor marca do mundo no ano!! E Bruno chegou em 2º com 21.45, segunda marca do mundo no ano! Os dois deixaram para trás os tempos de 21.65 de Eamon Sullivan, 21.70 de Florent Manaudou e 21.77 de James Magnussen. Lembrando que o Cielo foi ouro em Barcelona ano passado com 21.32.

Nos 800m livre feminino, Poliana Okimoto venceu mais um com 8:43.78, novamente um tempo não muito bom, mais de 9s do índice pro PanPac. Nos revezamentos 4x200m livre, vitória do Minas no masculino com 7:20.05 e do Corinthians no feminino com 8:08.47.

Após 3 dias, o Corinthians lidera com 1.236,50 pontos, seguido do Minas com 927 e do Pinheiros com 663. Pelo jeito ainda vem muita coisa boa nos próximos 3 dias!

Jogos Pan Americanos (2)

Continuando a série de posts sobre os Jogos Pan Americanos Guadalajara 2011, seguem as grandes surpresas do esporte brasileiro. E o que significam no âmbito mundial.

Boas Surpresas

Nas boas surpresas do Pan, é fácil incluir as medalhas inéditas, como o ouro por equipes da Ginástica Masculina, o ouro no tiro, no levantamento de peso e o bronze do badminton mencionados no post anterior. Mas o legal é ver quem se sobressaiu numa prova onde realmente não era cotado e o quanto essa medalha ou esse bom resultado pode trazer no futuro.

Com 6 ouros, o atletismo feminino foi um dos grande destaques do Pan. A dobradinha de ouro de Rosângela Santos (direita acima) e de Ana Cláudia Silva (esquerda acima) nos 100m e nos 200m, assim como a vitória no revezamento 4x100m foram excelentes. Nos 100m, Rosângela venceu com 11s22, tempo que a colocaria na final no Mundial de Daegu, em agosto, onde ficaria em 7º lugar. Já nos 200m, Ana venceu com 22.76 (22.72 nas eliminatórias), tempo que também a colocaria na final, num excelente 6º lugar. Lembrando que no Mundial, Rosângela ficou nas semis do 100m e Ana avançou para as semifinais nas duas provas. Já o revezamento venceu com 42.85, novo recorde sulamericano. No Mundial, a mesma formação chegou a final e terminou em 8º. Com o novo recorde, ficariam em 6º. Lembro também que o revezamento feminino foi 4º colocado em Pequim-2008 e 5º no Mundial de Berlim-2009.

O bronze de Bernardo Alves (acima) na prova de saltos no hipismo não chega a ser uma surpresa pela enorme qualidade do ginete, mas a forma que conseguiu que foi uma surpresa. Os EUA não tinham garantido a vaga para a sua equipe de Saltos nos Jogos Equestres de 2010, então enviaram sua melhor equipe para o Pan, incluindo Beezie Madden (2 ouros e 1 bronze em Olimpíadas) e McLain Ward (2 ouros). Com apresentações perfeitas de quase todos os cavaleiros, levaram o ouro por equipe e caminhavam para um pódio completo no individual, até que na última passagem da final, Ward cometeu uma falta e terminou em 4º lugar, dando o bronze para o brasileiro.

Um bronze muito interessante veio da esgrima com o jovem Guilherme Toldo (acima), de 19 anos. Guilherme foi mal na fase de grupos do florete com 2 vitórias e 3 derrotas, passando para a chave eliminatória com a 16ª e última vaga. Enfrentou nas oitavas o americano Miles Chamley-Watson, cabeça de chave número 1, e surpreendeu, vencendo por 15 x 13. Nas quartas ainda venceu o canadense Etienne Turbide por 15 x 7, chegando nas semis e garantindo o bronze. Guilherme ainda fez parte da equipe que conseguiu o bronze no florte por equipes, vencendo o México por 45 x 43.

A equipe de tiro, embora não tenha assegurado nenhuma vaga olímpica nova, conseguiu, além do ouro de Ana Luiza Mello, mais 5 bronzes. Surpresa foi o bronze de Bruno Heck (acima), no rifle 50m 3 posições, prova que o Brasil tem muito pouca tradição (assim como as provas de rifle em geral). Em compensação o seu resultado de 1.153 pontos na qualificação o deixariam apenas em 62º no Mundial e 38º na Olimpíada de 2008.

No último dia da natação, um novo rosto surge. Graciele Herrmann (acima) de 19 anos nada muito bem e leva a prata nos 50m livre com 25.23, ficando a apenas 3 centésimos do índice da CBDA para Londres-2012. Graciele foi apenas a 7ª colocada no Maria Lenk, em maio, e 12ª no José Finkel, em agosto. Com este tempo, ela teria passado para as semifinais no Mundial de Xangai e ficaria em 14ª. O 8ª lugar da final no Mundial fez 24.87.

Próximo post: as grandes decepções…