Um dia dourado para o Brasil, que nos colocou na liderança do quadro de medalhas de um mundial pela primeira vez! Mas o que isso realmente significa?
4 ouros num dia histórico
Logo na primeira final individual do dia, César Cielo se recuperou, voltou a nadar os 100m e se vingou do Florent Manaudou! O brasileiro venceu os 100m livre com 45.75 contra 45.81 do francês. Manaudou bateu os 50m com 0.31 de vantagem, mas Cielo tirou a vantagem e ainda abriu 0.06. João de Lucca ficou em 7º com 47.05.
Logo na final seguinte, um momento histórico para o esporte brasileiro! Etiene Medeiros mostrou que é o grande nome da natação feminina brasileira da atualidade e venceu os 50m costas com 25.67, batendo o recorde mundial por 0.03! Foi a primeira medalha individual feminina brasileira na história em mundiais adultos na piscina. Etiene sau consagrada e com 3 medalhas de Doha, nenhuma em prova olímpica. É o primeiro recorde mundial de uma brasileira na piscina desde Maria Lenk nos 200m peito em 1939! A prata foi para a australiana Emily Seebohm com 25.83.
Felipe França fez a dobradinha no peito, vencendo os 50m peito com 25.63, novo recorde do campeonato. França retoma o título da prova de velocidade que havia vencido em 2010. Fora do mundial de longa do ano passado, França mostrou que quer brugar por medalha no Rio-2016. O britânico Adam Peaty e o sul-africano Cameron van der Burgh empataram com a prata com 25.87.
Fechando o dia histórico para o Brasil, o revezamento 4x100m medley levou o 4º ouro do dia de forma espetacular. Guilherme Guido abriu em 3º lugar e Felipe França manteve o 3º lugar. Marcos Macedo não fez boa parcial no borboleta e o Brasil caiu para 4º, mas César Cielo fechou de maneira incrível com a parcial de 44.67! Os Estados Unidos lideravam por 0.85, mas o brasileiro buscou e ainda fechou com 3:21.14, 0.35 de vantagem sobre os americanos. Cielo mostra que voltou para os 100m.
Outras finais
Sarah Sjoestrom foi o destaque do dia. A sueca venceu dois ouros com dois recordes mundiais. Primeiro levou os 100m borboleta com 54.61 (Daiene Marçal Dias foi 8ª com 57.26) e depois venceu os 200m livre com 1:50.78, na frente da Katinka Hosszu, prata com 1:51.18.
Chad le Clos deu mais um show e venceu seu 4º ouro em Doha. Levou os 200m borboleta com 1:48.61, recorde da competição. Le Clos conquista, portanto, os 50m, 100m e 200m borboleta.
O alemão Markus Deibler foi a surpresa do dia vencendo os 100m medley com 50.66, novo recorde mundial, e quebrando a sequencia do Ryan Lochte. O americano, que era tricampeão seguido da prova, ficou com a prata com 50.81. Henrique Rodrigues foi o 6º com 52.20.
Ranomi Kromowidjojo confirmou seu favoritismo e ganhou os 50m livre com 23.32, além de ajudar a equipe holandesa a vencer o 4x50m livre feminino, com 1:34.24, recorde mundial. O Brasil ficou em 8º com 1:38.78.
Dobradinha japonesa nos 200m peito feminino, com Kanako Watanabe vencendo com 2:16.92 e Rie Kaneto prata com 2:17.43. Recordista mundial na piscina longa, Rikke Pedersen foi bronze. O polonês Radoslaw Kadecki faturou os 200m costas com 1:47.38, deixando Ryan Lochte pra trás sem nenhum ouro individual. O italiano Gregorio Paltrinieri venceu os 1.500m livre com 14:16.10 e a Dinamarca fechou o mundial vencendo os 4x100m medley feminino com 3:48.86.
Resumo
O Brasil venceu o Mundial com 7 ouros, 1 prata e 2 bronzes, seguido da Hungria com 6-3-2, Holanda com 5-1-6, África do Sul (4-1-0) e Espanha (4-0-0). 23 países levaram medalha e 17 venceram pelo menos um ouro.
Felipe França fechou com 5 ouros o mundial numa participação excelente. Katinka Hosszu foi a maior medalhista da edição, com 4 ouros, 3 pratas e 1 bronzes, todos em provas individuais! Mireia Belmonte Garcia foi perfeita, com 4 ouros em 4 provas. Ryan Lochte chegou quietinho, não chamou muita atenção e também levou 8 medalhas, com 1-4-3.
Foram nada menos que 23 recordes mundiais e outros 24 recordes do campeonato em Doha.
Para o Brasil, foram 10 medalhas, 25 finais (9 em revezamentos), 23 semifinais, 2 recordes mundiais, 2 de campeonato e 22 recordes brasileiros e sul-americanos.
Mas e aí? Foi bom mesmo?
Brasil liderou o quadro, legal, mas o que isso significa? Se considerarmos apenas as provas de distâncias olímpicas, foram apenas 4 medalhas: os ouros do Cielo nos 100m livre, do França nos 100m peito, o revezamento 4x100m medley masculino e o bronze do Cielo nos 50m livre.
Este mundial mostrou o que a gente já sabia, que o Brasil é bom em provas de velocidade, com 7 medalhas em provas de 50m ou revezamentos 4x50m. Fora tantos revezamentos, que a coisa banalizou. Se a intenção é a inclusão dos mistos, então que só colocassem esses, não precisavam dos 4×50 masculinos e femininos.
Apesar disso, a seleção brasileira mostrou uma evolução interessante. Etiene é o nosso maior nome hoje e a melhor nadadora desde a Joanna Maranhão (que está voltando!). Ainda sem grande marcas nos 100m costas em piscina longa, mostra grande evolução na prova e também nos 50m livre.
Felipe França com 5 ouros, foi o cara. Fora do Mundial de Barcelona-2013, evoluiu muito, melhora seus tempos a cada competição e agora até já apareceu em uma final de 200m peito. O bronze nos 100m peito no Pan Pacífico já mostrou que está no caminho certo. Vamos ver em Kazan.
César Cielo, apesar de ter perdido pro Manaudou nos 50m, evoluiu nos 100m e já pode brigar novamente com o francês, os americanos e o Magnussen.
Guilherme Guido venceu sua semi nos 100m costas e por pouco não pegou medalha. O Thiago Pereira ainda é o melhor nesta prova no Brasil, mas o Guido quebrou mesmo aquela sensação de insegurança que ele passava, sempre pipocando em finais.
João de Lucca levou tudo no universitário americano, mas deixou a desejar em Doha. Abriu muito bem o rev 4x200m livre com 1:41.85, tempo que daria bronze na prova individual.
O Brasil não contou com muito do que tem de melhor, como Thiago Pereira, Gracielle Herrmann, Matheus Santana, Leonardo de Deus, Felipe Lima, Tales Cerdeira e quem sabe até Joanna Maranhão. Temos chances no Rio-2016? Claro que temos e estamos no caminho certo, abandonando o foco que tínhamos em provas de 50m e evoluindo nas de 100m. Nas de 200m ainda estamos devendo e a natação teima a crescer. Semana que vem acontece no Rio o Open de Natação, primeira seletiva para Kazan e pros Jogos Pan-Americanos. Já dá para esperar muitos índices e bons resultados.